Ibirité sai das mãos dos Pinheiros e entra nas mãos de Parreiras



Na imagem da Esquerda para direita: Pinheirinho e Willian Parreira.

O município de Ibirité sofreu durante anos com o coronelismo da família Pinheiro, que “dominava” a cidade, detinham o mercado imobiliário fazendo do solo da cidade um verdadeiro negócio. A família se manteve no poder durante 20 anos e nessa trajetória elaborou diversas manobras para continuar no comando do município. Fizeram da prefeitura uma empresa, contratando pessoas e ao mesmo tempo utilizando como manobra para somar votos, baseado no clientelismo e na troca de favores. Todos os serviços públicos do município são precarizados; saúde, educação, transporte público, etc.

Como todo reinado um dia chega ao fim, os dias do Pinheirinho (eleito o prefeito mais jovem de Minas Gerais) também chegou. Foi nas eleições municipais de 2016, que o “principado” foi derrotado e a vitória saiu para William Parreira e Paulo Telles. O povo saturado de uma organização política tratada como herança de família, viu em um novo nome, a esperança de mudança. A esperança que políticos cumpram o papel de governar com o povo e para o povo, de políticas púbicas sinceras que atendam as demandas reais da população.


DEPOIS DAS ELEIÇÕES – A ESPERANÇA

Com sede ao pote e Paulo Telles como vice, William Parreira chegou ocupando o maior cargo existente no executivo da cidade. 

Na câmara dos vereadores a realidade foi diferente, apesar do vereador mais votado pertencer ao PTC (partido trabalhista cristão) o mesmo partido de Parreira, a maioria dos vereadores são de oposição, e por sinal apenas uma mulher. 

No início, nada de novo e irreverente, a gestão do PTC tratou logo de retribuir favores eleitoreiros, obedecendo a mesma lógica clientelista dos Pinheiros, encaixando cabos eleitorais em cargos comissionados (secretárias, assessores, etc) de variados partidos políticos: PT, PCdoB, PSL, REDE, PMDB, PMN, etc. Inclusive, o prefeito colocou imediatamente sua esposa no cargo de secretária de saúde, repetindo a prática dos Pinheiros, que mantinha a Nádia Pinheiro, esposa de Toninho Pinheiro pai de Pinheirinho. 

Um fato que tem chamado a atenção e que talvez tenha sido o diferencial ou pseudo-diferencial, é o diálogo e a falsa tentativa de aproximação ao povo. A nova gestão convida as agricultoras e agricultores para conversar sobre as dificuldades e possíveis melhorias na produção de alimentos, mas ao mesmo tempo faz aliança com mineradora.  A “gestão mais humana” também realiza audiências públicas para “ouvir” a população, porém, a atividade se transformou em cobrança de emprego, asfalto e até mesmo quebra-molas, sendo que na verdade, a reunião era para discutir o destino do dinheiro do próximo ano. O hospital, antes terceirizado e com promessa de mudança, continua nas mãos de terceiros, agora “Mais Saúde” e antes “Irmandade Nossa Senhora das Graças” designada pelos Pinheiros. 

Existe uma série de fatores que ilustram a cada dia, a política de conciliação de classes, clientelismo, cooptação, aparelhamento e diversas manobras que deixam transparecer o verdadeiro interesse da gestão PTC, que é se manter no poder. Não há até o momento, diferença na forma de fazer política entre Pinheiros e Parreira. Mas também não existe espaço para o retorno da família que deteve Ibirité nas mãos durante aproximadamente duas décadas, a família Pinheiro simboliza o sistema coronelista, endurecido e amargo.  Talvez seja preciso que outras pessoas se arrisquem e se comprometam a construir um projeto político social que realize políticas púbicas para atender as demandas reais das comunidades.

Texto: Da Redação

22 de Setembro de 2017.

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